terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

REVOLTA DOS MALÊS...

Durante as três primeiras décadas do século XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da Bahia. A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão e a imposição da religião católica, que ocorreu em Salvador, em janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs. Foram eles que protagonizaram a rebelião, conhecida como dos "malê", pois este termo designava os negros muçulmanos, que sabiam ler e escrever o árabe. Sendo a maioria deles composta por "negros de ganho", tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria.

Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma conspiração com o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e mulatos considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês. Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas foram denunciados por uma negra ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o quartel que controlava a cidade mas, devido à inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra.

No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos negros. Duzentos escravos foram levados aos tribunais. Suas condenações variaram entre a pena de morte, os trabalhos forçados, o degredo e os açoites, mas todos foram barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais de quinhentos africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África. Apesar de massacrada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo pessoal de D. Pedro II.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

CULTURA DO IMIGRANTE ITALIANO

No caso dos italianos deve-se prestar atenção na situação em que se encontravam na Itália e os motivos de sua imigração.
A Itália, antes do século XIX, passava por uma crise que afetava principalmente os camponeses. Numa Itália de frio rigoroso e de um sistema político, social e econômico com traços feudais em decomposição, a fome tornava-se problema grave em algumas regiões.
O trabalho árduo ao sol e a higiene precária colaboravam muitíssimo para dificultar a vida dos camponeses no norte italiano. O uso exclusivo do milho como alimento, quase sempre estragado pela umidade, provocava a pelagra, uma avitaminose decorrente da falta de uma alimentação variada. Além de não receber ajuda do Estado, os camponeses não possuíam terra e enfrentavam terríveis condições climáticas.
A partir de 1875, rumores apontavam ser o Brasil a “terra prometida”, esses fatos são divulgados em jornais da época na Itália. Um lugar mítico de abundância, um lugar prometido, o paraíso na terra e não depois da morte. O mito da “Cocanha” acentuava esses pensamentos. O Brasil seria o lugar onde “uma montanha de queijo ralado se vê sozinha no meio da planície... um rio de leite nasce de uma grota e corre pelo meio do país, suas margens são de ricota...”[1].
Todas essas histórias de fartura colaboraram para que grandes levas de imigrantes começassem a deixar o norte da Itália com destino ao Brasil.
A colonização italiana no médio vale do Itajaí-Mirim é decorrente da política de imigração oficial do Segundo Reinado, posta em prática com maior vigor, após cessarem as questões externas, com término da Guerra do Paraguai. As atenções dos parlamentares brasileiros voltaram-se para o interior do Brasil, preocupando-se com grandes áreas devolutas e como única forma para ocupá-las, a intensificação da política imigratória.
No caso de Brusque e região, os imigrantes que chegavam pelo rio Itajaí-Mirim, se alojavam provisoriamente na Casa do Imigrante, localizada na rua Hercílio Luz. Nesse local, eles tinham alimentação e abrigo gratuitos, e logo após eram encaminhados as sua terras. Eles tiveram de cortar o mato para poder construir as casas, primeiramente feitas de ripa e com telhado de palha.
Os imigrantes plantavam milho, feijão, arroz, batata e aipim. Algumas cartas enviadas a parentes reforçavam o mito da fartura das terras. Essas cartas eram usadas em jornais da época para atrair mais imigrantes ao Brasil.
Pode-se perceber ao analisarmos algumas entrevistas com descendentes de imigrantes italianos, a dificuldade de instalação no local. Como a colonização alemã antecedeu a colonização italiana, as melhores terras para o plantio foram ocupadas pelos alemães. Os italianos ficaram com as áreas mais montanhosas ou seja, impróprias para o plantio de determinados alimentos.
Sem dúvida alguma, como fora citado por um entrevistado, os imigrantes ficaram deslumbrados com a abundância de terras e de madeira. Na Itália (...)“não podiam fazer nada, não podiam nem tirar um pau de lenha para queimar”[2]. Possuir um pedaço de terra para plantar era muito difícil na Itália, e com a crise em que o país se encontrava, os que possuíam terras sentiam a falta de uma ajuda financeira para comprar sementes para plantar. Em uma entrevista feita com o senhor Guilherme Araldi ele comenta as dificuldades que seus antecedentes passavam: “para conseguir um pedaço de terra lá não era fácil. Não era fácil igual aqui.” (...) “Eles diziam [seus avós] que vieram para o Brasil porque aqui eles plantavam um pedacinho de pau, e com as raízes eles faziam o pão”[3].
Os imigrantes falavam o chamado “dialeto italiano”, ou seja, cada região da Itália possuía sua língua que não era oficial da Itália. No Brasil os imigrantes conservaram a tradição por muito tempo, até a proibição do uso das línguas estrangeiras nas colônias de imigrante, este fato ocorreu por volta da eclosão da 2ª guerra mundial.
A paisagem catarinense alterou-se com a presença de casas de madeira, sem varanda, altas com largos porões, onde eram guardadas as carretas. Nos locais onde se produzia vinho, os porões passaram a servir de adega para a conservação de vinho. As casas eram acompanhadas obrigatoriamente de pequenas pastagens, paiol, estábulos, horta, pomar e jardim.
O vestuário manteve-se quase o mesmo da terra de origem. Principalmente no que se refere ao pano de roupa na cabeça das mulheres, o lenço no pescoço dos homens.
Nos dias atuais é difícil ver um descendente de italianos usando roupas com este aspecto. E o que não pode-se esquecer é que o mundo vive em evolução, e nem mesmo os italianos hoje, mantêm essa cultura.
[1] GISBURG, Carlo. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo; Companhia das Letras; 1998, p. 165-166.
[2] Entrevista feita com o senhor Rocco Girardi.
[3] Entrevista feita com o senhor Guilherme Araldi.
Trechos do Artigo intitulado "Cultura do Imigrante Italiano" 2003. Thiago Alessandro Spiess.

MISÉRIA NA ALEMANHA...


Meu nome é Rita Bauer, sou casada e tenho dois filhos. Agora vou contar um pouco sobre nossa vida na Alemanha.
Morávamos na Baviera, e residíamos em uma pequena cidade chamada Kirchzell.
Vivíamos em uma pequena casa estilo enxaimel e parte de madeira. A casa tinha somente três cômodos, os quais eram dois quartos e na parte de madeira que ficava fora de casa havia um banheiro.
Não tínhamos jardim, apenas uma horta na qual plantávamos e colhíamos batata e milho.
Cada um deles era plantado em épocas diferentes, por tanto quando era época de batata a comíamos, e tentávamos fazer diversas receitas com o mesmo ingrediente, quando começava a colheita de outra verdura armazenávamos o que sobrava de batata e guardávamos para o inverno.
Nossa vida era quase miserável, mal tínhamos dinheiro para nos alimentarmos e comíamos, todavia a mesma coisa.
O nosso país vivia em miséria, poucos tinham muito e muitos tinham pouco.
O inverno era a pior época do ano! Além de ter pouca comida, passávamos frio, pois o governo não permitia a retira de árvore para nos esquentarmos e nem mesmo para o forno a lenha.
A situação em que vivíamos em nossa região era a mesma em toda a Alemanha, e muitos tinham a esperança de mudar para um mundo melhor onde teríamos comida, não passaríamos frio e menos necessidades.
Era época de inverno, todos estavam com frio e passando fome, meu filho mais novo Algustin estava muito doente e não sabíamos o que fazer.
Para mim era angustiante ver meu filho morrer aos poucos, sem poder fazer nada e tendo cada dia mais certeza de que ele não teria chance de sobreviver.
Cada dia passávamos mais fome e já não sabíamos o que fazer.
Foi então que recebemos a proposta de uma nova vida, uma vida longe da miséria e do frio.
Resolvemos aceitar e dia três de abril 1850 embarcamos em um enorme navio a vapor, que nos levaria até o Brasil.
Não tínhamos outra escolha a não ser partir para um país onde teríamos chance de ter uma vida melhor, se continuássemos a viver em Kirchzell morreríamos de fome e frio.
O vapor partiu e víamos de longe a miséria do lugar onde morávamos, em busca do paraíso.
Nossa vida não era boa, com certeza no Brasil seria melhor.
A caminho de uma nova vida, conhecemos várias pessoas que viviam na mesma situação que a nossa e acabamos ajudando umas às outras durante a viagem. Tudo parecia bom, apenas o navio não estava em bom estado e ficávamos todos separados, os homens ficavam em uma ala, as mulheres e as crianças em outra.
Duas semanas se passaram, e meu filho Algustin já estava muito doente e não conseguia mais andar. Vimos que ele morreria antes de chegarmos ao Brasil, minha angústia aumentava a cada dia. Depois de resistir a mais uma semana, ele morreu. Não sabíamos de que, mas tivemos que jogar seu corpo no mar para sua doença não contagiar outras pessoas. Foi doloroso saber que nunca mais o veria, preferia ter morrido e sofrido em seu lugar. Outras pessoas também morreram e todas as vezes que seus corpos eram jogados ao mar eu lembrava de meu Algustin.
Após um mês, recebemos a notícia de que estávamos chegando ao Brasil, faltavam dois dias para aportar em um pequeno lugar chamado colônia de Ithajai, isso se nenhum imprevisto acontecesse, como uma tempestade em alto mar que faria nosso navio levar mais cinco dias, pois teria que aportar no porto mais próximo.
Nossa viagem foi péssima, ocorreram muitas mortes, a comida armazenada no porão já havia acabado e a bebida estava no fim.
Após dois dias sem comida, e bebendo pouca água chegamos na colônia de Ithajai. Quando desembarcamos do navio, nos decepcionamos, afinal diziam que aqui era o paraíso, mas ainda assim era melhor do que o lugar onde vivíamos.
Só vimos mato e perto do rio havia algumas casas.
Abrigamos-nos na casa da família Schmitz. Eles nos deram comida e abrigo, durante o tempo em que meu marido Johann construía nossa casa.
Após ela ficar pronta, pegamos nossos pertences, que já não eram muitos e fomos para nossa nova casa. Descobrimos que havia uma grande diversidade de verduras que poderíamos plantar para comer.
Quatro anos depois, meu filho Henry casou-se com a menina Hellmtraud e eu e meu marido pegamos o rio e fomos para um outro vilarejo que também pertencia à colônia de Ithajai, um lugar que mais tarde foi chamado de Brusque. Foi ai que a vida começou a melhorar, Johann e eu montamos uma pequena venda, onde vendíamos tecidos e mercadorias que comprávamos no porto de Ithajai.
Em nossas viagens para a Colônia, aproveitávamos para visitar nosso filho Henry, sua esposa e meu neto.
Era difícil se acostumar com a cultura de um novo país, principalmente com a língua que tivemos que aprender pouco a pouco. Nossa venda aumentou, juntamente com o vilarejo em que morávamos. Cada vez mais vinham imigrantes da Alemanha para cá.
Com o crescimento da venda enriquecemos e construímos uma casa maior e com móveis mais confortáveis. Eu poderia dizer que era a casa que eu sonhava, tinha dois andares, um grande jardim e com um enorme chafariz.
Assim posso dizer que conquistei meu próprio paraíso, penso que minha vida aqui é melhor do que a que levava na Alemanha, posso afirmar que aqui eu sou completamente feliz apesar do sofrimento que passei na Alemanha, na vinda para o Brasil e principalmente com a perda de meu filho.
Texto escrito por um grupo de alunos da 7ª Série do Potencial. Turma de 2005. Marcela Mortitz e Mariana Schmitz eram as líderes do grupo.

OS ALEMÃES EM BRUSQUE...


Em 1860, como vimos anteriormente, era fundada a Colônia de Brusque. A maioria dos imigrantes que se estabeleceram nessa região de Santa Catarina vieram da Alemanha (de Baden, Holstein, Oldenburg e Prússia), posteriormente, chegaram colonos italianos e poloneses. A imigração de alemães em grande escala, no século 19, coincidiu com o período de grandes crises que antecederam à unificação da Alemanha sob a hegemonia da Prússia, a partir de 1871. As causas dessa imigração foram tanto políticas quanto econômicas. Além do mais, intensa propaganda era feita pelas Companhias de Colonização de alguns países interessados em atrair imigrantes.As grandes levas de imigrantes alemães entraram no Brasil entre 1850 e o final do século (São Leopoldo, no Vale dos Sinos gaúcho, foi o ponto de partida dessa saga iniciada em 1824, com a fundação da primeira colônia de imigrantes alemães no país, então recém-emancipado de Portugal). Mas foi só em quatro de agosto de 1860 que a Colônia de Brusque iniciou sua história, com o desembarque dos primeiros colonos às margens do Itajaí-Mirim. O rio se tornaria uma testemunha muda do início de uma nova vida para os colonos alemães, assim como, para os outros imigrantes que estavam por vir.Os colonos vieram iludidos. A propaganda na Alemanha não lhes dava a mínima informação das reais condições de seu novo “lar”. Dizia, sim, que eles encontrariam um paraíso subtropical onde todos seriam proprietários de terras. Estavam totalmente despreparados para explorar um lote de terras coberto de floresta e isolado em ampla área despovoada. Esse despreparo dizia respeito a tudo: nada sabiam das técnicas agrícolas adequadas, do equipamento necessário ao desmatamento e plantio, dos tipos de roupas adequadas à região ou mesmo da inexistência de animais domésticos. Na administração da Colônia é que recebiam um machado, uma enxada e um facão ou uma foice.Com muita coragem e determinação, foram transformando o ambiente. “É o burburinho do trabalho humano que enche o silêncio da mata. É o ruído das ferramentas que levantam ranchos para os povoadores. É o grito dos homens na animação do trabalho, a voz das mulheres que se ajudam e discutem os problemas comuns, são o choro e o riso das crianças que invadem o ritmo musical da natureza. A face da terra se transforma – apenas o rio continua a correr, embora as suas águas devessem ser, daí por diante, cortadas mais freqüentemente pelas canoas, pois continuaria a ser, por longo tempo ainda, a única via de comunicação do núcleo que iniciava a sua vida com o resto do mundo, a única estrada aberta pela natureza, para o contato com o centro, representado pela Vila do Santíssimo Sacramento do Itajaí”, escreveu Oswaldo R. Cabral, no livro Brusque – Subsídios para a história de uma colônia nos tempos do Império, nas páginas 8 e 9 (1958).Nos anos seguintes, o ritmo do trabalho não mais cessaria. O horizonte seria alargado com a derrubada das matas. As colinas mostrariam as feridas abertas pelas ferramentas humanas e as plantações pouco a pouco surgiriam.A Vila de Brusque é importante para caracterizar a comunidade camponesa do Vale do Itajaí-Mirim, no fim do século 19. Basicamente era um aglomerado com aparência semi-urbana, inserido na área colonial. Não se assemelhava nem um pouco às aldeias camponesas alemãs do século 19, mas, a exemplo delas, um forte laço de coesão social unia as propriedades individuais num grupo territorial muito bem definido – a Colônia. E, se havia lugares em que os colonos mantinham suas atividades sociais e econômicas com outras pessoas, eram as vendas.Esses estabelecimentos comerciais ocupavam posição de destaque, não tanto pelo volume do comércio, mas pelo fato de serem pontos de reunião para os vizinhos, o local das conversas, da vida social, da venda e troca de mercadorias e da entrega de correspondência.

COLONIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE BRUSQUE


Os índios foram os primeiros habitantes desta terra que um dia passou a se chamar Brusque.
Em uma de suas andanças, Vicente Só passou por estas terras, achou um local agradável e passou a viver sozinho. Escolheu uma colina e fez um ranchinho, mas mais tarde por problemas de saúde resolveu terminar seus dias com sua família numa colônia vizinha. Tempos depois, este rancho deu lugar a uma Igreja Católica.
Foto do Porto de Itajaí

Em 1856, Pedro Werner saiu da Colônia São Pedro de Alcântara decidido a explorar a tal localidade. Chegando aqui construiu um grande engenho de farinha, se instalando com sua família.
Os primeiros colonos chegaram em 24 de Julho de 1860 em Itajaí, chegam a colônia de Itajahy com destino a localidade de Vicente Só. Era um número de 55 pessoas dirigidas pelo Barão Maximiliano Von Schnéeburg. Nesta época Francisco Carlos de Araújo Brusque foi nomeado diretor da nossa colônia e o presidente da província de Santa Catarina.
Seguiam rio acima com destino a Vicente Só, o percurso era todo pelo rio e utilizavam canoas para transportar os colonos, que tinham um caminho difícil pela frente e que chegava a demorar de cinco a seis dias rio acima. Tudo funcionava conforme o tempo, se chovia as dificuldades seriam maiores demorava ainda mais, visto que precisavam aguardar as águas baixarem. Chegando a Vicente Só foram recebidos por Pedro Werner, que os acolheu em seu engenho até que todas as pessoas fossem assentadas. As primeiras ações administrativas foram um levantamento do lugar e a construção de quatro grandes ranchos, além de um armazém de mantimentos.
Pouco a pouco a floresta virgem e as selvas incultas foram cedendo espaço às choupanas, as picadas e as roças foram mudando o cenário. Um dos problemas encontrados pelos imigrantes alemães que chegaram na primeira leva, foi a respeito de demarcação de lotes que não foram demarcados corretamente. Instalando-se próximo do rio, os primeiros que aqui chegaram, ou seja, esses escolheram as melhores terras. Muitos imigrantes tiveram que esperar por suas terras por muitos meses no galpão de alojamento.
Os homens e os filhos mais velhos seguiam em meio a mata virgem, para a construir um casa e começar a derrubar as matas. Enquanto isso as mulheres e crianças permaneciam no alojamento. A casa e os poucos móveis eram todos construídos com troncos das árvores encontrados no terreno. Apesar de não ter ainda engenhos, as casa alemãs eram levantadas sem um só prego.
É importante salientar que os dois primeiros anos dos imigrantes foram de profunda importância, visto que ocorreu a construção das casas, construíram capelas, escolas, casa para administração e outros empreendimentos.
Por volta de 1870, chegou uma outra leva de imigrantes, poloneses que foram destinados a Porto Franco (atual Botuverá), local abandonado por eles posteriormente por falta de ambiente de trabalho favorável a suas habilidades.
Por volta de 1875 um elevado número de imigrantes Italianos, instalou-se nas linhas de Porto Franco, Ribeirão do Ouro, Águas Claras, Limeira e Poço Fundo.
Por volta de 1889, um pequeno número de imigrantes chega a Brusque provindos de Lodz, mas esses traziam uma novidade, não possuíam qualquer habilidade para lavoura, porque suas atuais aptidões provinham de tecelagens. Esses ficaram conhecidos como benfeitores da evolução dessa atual cidade, visto que com a vinda em 1890 trouxeram consigo todo um conhecimento na industrialização. Com esses imigrantes começam a surgir todo movimento rumo à indústria, é quando em 1892 somos privilegiados com a primeira fábrica.
Vale lembrar que até esse período a agricultura representava 90% da economia brusquense e os outros 10% eram representados pelo comércio e pelo trabalho artesanal (ferraria, carpintaria, alfaiates, pedreiros). Estes trabalhos não foram capazes de garantir a industrialização, mas possibilitaram ao comércio desenvolver-se. Em conseqüência, os comerciantes puderam acumular capital e utilizaram-no para lançar as bases da fábrica, tornando-se empresários industriais.
Em 1890 o comerciante João Bauer fez a primeira tentativa de industrialização com a produção de tecidos no município. Contou com a ajuda de imigrantes poloneses, conhecidos como os tecelões de Lodz. Porém essa tentativa não superou as expectativas.
A segunda tentativa logrou êxito. Com o apoio do comerciante Carlos Renaux, os poloneses construíram os primeiros teares de madeira, bastante rústicos, que foram instalados dentro do depósito da casa de comércio: eis os operários pioneiros da indústria têxtil de Brusque, fundada no ano de 1892.
Em 1898 temos o início das atividades da Büettner SA. Seu fundador foi Edgar Von Büettner, também comerciante, se especializou na fabricação de bordados finos e posteriormente em guarnições para camas, colchas, cortinados entre outros que foram vendidos pelo Brasil.
Em 1911 foi constituída a Cia. Industrial Schlösser tendo como fundadores Gustavo Schlösser que trouxe um mostruário de tecedura da Polônia e seus filhos.
O slogan “Berço da Fiação catarinense” foi dado pelo padre Raulino Reitz, devido ao fato da fábrica Renaux implantar em 1900, a primeira indústria de fiação em Santa Catarina.
As crianças começavam a trabalhar com 13 anos. A modernização dá-se com a inauguração da usina elétrica construída na Guabiruba Sul, em 13 de novembro de 1913. Com isso possibilitou-se o trabalho noturno regular.
O trabalho estava dividido em três turnos: 5 da manhã até 13:00, 13:00 até 22:00 e 22:00 até 5 horas da manhã.